JOÃO BONETTO, Pe.
Caxias do Sul, RS - Brasil, 27 de dezembro de 1923
Caxias do Sul, RS - Brasil, 03 de fevereiro de 2008

Enquanto as forças permitiram exerceu o ministério sacerdotal; depois pediu para deixar as múltiplas e exigentes atividades na Paróquia São Paulo Apóstolo de Brasília, DF. Dizia quero sair daqui com minha vida transparente; quero descansar em paz; trago comigo uma grande estima dos padres daqui e dos meus superiores. 

No início do ano de 2007 foi transferido para comunidade da Associação Protetora da Infância (API) em Porto Alegre, RS; sem nada exigir, passava o tempo rezando, estudando e descansando. 

No final do mês de dezembro, quando perdeu a autonomia sobre o próprio corpo, foi transferido para Caxias do Sul, na comunidade da Obra Social Educacional (OSE), que se ocupa dos confrades doentes; assim ficou também mais próximo de seus familiares.
Hospitalizado, a equipe médica optou por dar-lhe alta para que passasse seus últimos dias de vida ao lado dos seus confrades e familiares. Faleceu de insuficiência múltipla de órgãos, causada pelo câncer de próstata.

 

Família

Pe. João Bonetto nasceu no dia 27 de dezembro de 1923 em Conceição da Linha Feijó, Caxias do Sul; Filho de Ângelo Bonetto e Virgínia Bettiato Bonetto. Família de 11 filhos, dois deles foram sacerdotes na Congregação dos Josefinos de Murialdo, Pe. João e Pe. Luiz, ambos agora falecidos.

Congregação

-Ingressou no Seminário do Colégio Murialdo de Ana Rech em 1937.

-Fez o noviciado em 1941, tendo como mestre o Pe. João Schiavo.

-Fez seus estudos de Filosofia em São Leopoldo nos anos de 1943 e 1944.

-Antes de iniciar o curso de Teologia passou três anos, de 1945 a 1947, em Mendonza na Argentina, onde realizou seu Magistério.

-No mesmo ano que retornou da Argentina fez os votos perpétuos.

-No ano seguinte, em 1947, foi professor no Seminário de Fazenda Souza, Caxias do Sul.

-Em 1949 iniciou os estudos de Teologia em São Leopoldo, RS, tendo continuado e concluído o curso em Ana Rech, Caxias do Sul, nos anos de 1950 a 1953.

-Foi ordenado sacerdote na Igreja Matriz de Galópolis no dia 04 de janeiro de 1953 pelas mãos de Dom Benedito Zorzi.

-De 1955 a 1958 foi vigário na Paróquia Nossa Senhora da Saúde em Fazenda Souza.

-Em 1959 foi transferido para Orleans, SC onde fundou o Seminário São José; lá permaneceu até o ano de 1966.

-Em 26 de outubro de 1966 foi para São Paulo, tomando posse como pároco da Paróquia São Benedito, o negro.

-De 1970 a 1972 foi pároco na sua terra natal, em Conceição da Linha Feijó, Caxias do Sul.

-Em 1973 e 1974 trabalhou em Araranguá, SC, sendo professor no Colégio Nossa Senora Mãe dos Homens e orientador espiritual dos seminaristas.

-Em 1975 voltou para São Paulo, sendo vigário paroquial.

-No dia 18 de maio, dia de São Leonardo Murialdo, tomou posse na Escola Profissional e Social do Menor de Londrina, PR, (EPESMEL) como primeiro diretor.

-Em 1984 assumiu como pároco na paróquia São Paulo Apóstolo, no Guará I - Brasília, DF.

-No ano 1991 colaborou na paróquia de Planaltina, DF.

-Em 1992, trabalhou na Obra Social São José de Murialdo de Porto Alegre, RS.

-Voltou para Londrina, PR, no ano de 1993, como pároco da recém criada Paróquia Bom Pastor.

-Em 1996 foi nomeado coadutor na paróquia São Paulo Apóstolo, no Guará I, DF, onde permaneceu até o final do ano de 2006, quando pediu para ir para Porto Alegre, deixando as atividades pastorais, uma vez que sua saúde estava bastante debilitada.


Será Lembrado

Pe. João Bonetto trazia no nome uma das suas grandes virtudes, a bondade. Por onde passou deixou a marca de uma pessoa amável, de um bom padre; muito sociável, amigo das pessoas e da natureza, alegre, sabia reunir os amigos e familiares para momentos prazerosos, onde não faltava a música; tinha um grande amor à Congregação e aos familiares; amava o exercício do sacerdócio; foi uma grande testemunha para os vocacionados e religiosos.

Possuidor de grande espírito missionário, foi pioneiro na abertura de várias obras da Congregação.

Era sempre muito agradecido a Deus e às pessoas; em 2003, por ocasião do Jubileu de Ouro Sacerdotal, rezou: Obrigado, Senhor, por tudo o que fizestes através destas minhas mãos sacerdotais. Concedei-me continuar a servir na simplicidade e na alegria.

No mesmo ano, durante o mês de maio, esteve na Itália celebrando 50 anos de sacerdócio juntamente com seus colegas jubilandos. Na oportunidade, se encontou com o papa e pôde rever os lugares onde viveram seu avô paterno (Bonetto) e materno (Bettiato). Foi a segunda vez que Pe. João esteve na Itália. A primeira vez foi no ano de 1963 por ocasião da Beatificação de São Leonardo Murialdo

São muitos os depoimentos positivos de amigos das comunidades e obras por onde Pe. João passou. Da Paróquia São Paulo Apóstolo do Guará I, de Brasília, DF, onde Pe. João trabalhou nos últimos doze anos, por exemplo, colhemos várias manifestações de carinho:

- ... agora nossos corações se voltam ao Deus Criador, não para chorarmos a morte do nosso querido Pe. João, mas para rendermos graças ao Eterno Amor que nos presenteou com o dom da sua vida, o dom do seu secerdócio e o dom da sua humildade tão simples e terna, tão generosa e cativante, tão encantadora e santa.

- Nosso Pe. João parecia ter o dom de ver a intensidade da aflição das nossas almas e sempre buscava as melhores palavras para nos consolar. E se não sabia o quer dizer, ele simplemente nos abraçava e dizia: vou rezar por você... ou apenas perguntava: e lá em casa, como andam as coisas ?

- Quem de nós não tem algo de bom e afetuoso para desse servo de Deus se lembrar e se alegrar? Quem de nós não se lembra de vê-lo sentado num desses bancos, quietinho, rezando o seu terço ou atendendo carinhosametne a alguém? E tantas vezes quando nos via passar, nos chamava e dizia: eu quero lhe dar a minha bênção.

Um dos seus confrades, na missa de 7º dia, assim se expressou: nunca ouvi o Pe. João falar mal dos confrades.

Quando as forças já não eram mais suficientes para continuar seu apostolado, Pe. João pediu para se afastar das atividades e ir para o Sul do País para descansar, rezar e se preparar para a viagem da morada definitiva junto de Deus Pai.

Uma das razões para ir para o Sul era para estar próximo também dos familiares, deixados há 70 anos quando partiu para o seminário. Sempre houve estreita ligação com os familiares. A música e as cantorias os identificava e os unia nas festas, nos filós e também nas horas tristes. Na missa de sepultamento se uniram irmãos, sobrinhos e netos, numa demonstração de carinho e afeto pelo Pe. João.

Dirigiram os cantos, a Liturgia da Palavra e mensagem de ação de graças. O gesto comoveu a todos. Deixamos registrada a mensagem proferida pela sobrinha Marizete Bonetto Maffei em nome dos familiares:

Do tio Pe. João dizemos que, apesar de residir longe dos parentes, sempre se fez presente em nossas famílias de alguma forma. Cada irmão(ã), cunhado(a), e sobrinho(a), perdeu um pedaço, porque era assim que sentimos o tio Pe. João. Ele fazia parte de nós! Agradecemos a Deus por nos ter privilegiado com o Pe. João na nossa vida; ele que nos ensinou a termos fé, sermos bons e, apesar das provações, a continuarmos atuando em favor da vida ! “Tio João, este mundo ficou melhor porque você esteve nele! Interceda por nós junto de Deus e a Virgem Maria e descanse em paz!”

Nós, Josefinos de Murialdo, agradecemos a Deus pela vida, testemunho e serviço prestados à Congregação e à Igreja nos 55 anos de sacerdócio do Pe. João Bonetto. Agradecemos às famílias Bonetto e Bettiato por ter-nos dado os manos Pe. Luiz e Pe. João. Agradecemos aos confrades e leigos que acompanharam e cuidaram com carinho o Pe. João, sobretudo nos seus últimos meses de vida.

Pe. João também agradece:

Obrigado, Senhor, por tudo o que fizestes através destas minhas mãos sacerdotais.

 

(Pe. Raimundo Pauletti) - Fevereiro de 2008