Pe. Antonio era último de 14 irmãos do casal José Tomiello e de Cecília Citta Tomiello. Conheceu os josefinos desde a adolescência no ano de 1928 quando o Pe. Agostinho Gastaldo chegou em Ana Rech, para assumir a atividade deixada pelos Cônegos Camaldulenses. Foi um dos primeiros seminaristas brasileiros e o primeiro padre josefino brasileiro a ser ordenado em nossa Província.
Entrou no Noviciado em 1937. Fez a primeira profissão em 1938. Fez 2 anos de Filosofia em São Leopoldo. Em 1940 foi convocado ao Serviço Militar por um ano. Fez estágio em Fazenda Souza. Teologia em São Leopoldo com os Padres Jesuítas.
Foi ordenado sacerdote m 23 de março de 1947. Foram portanto 58 anos de sacerdócio a serviço do Reino na Igreja de Jesus Cristo.Uma vez sacerdote desenvolveu atividades como professor, de Latim, Português e Inglês, com grande competência, nos colégios josefinos de então, não deixando de exercer sua ação pastoral na Paróquia de Ana Rech de 1960 a 1966.
Seguindo os apelos da Igreja, de um “aggiornamento”, em 1968 esteve um ano inteiro no Rio de Janeiro cursando o Instituto Superior de Pastoral catequética. Licenciou-se em Filosofia pela Faculdade de Lorena de São Paulo em 1981.
Envolvido por ardor missionário, colocou-se à disposição da Província para ajudar na evangelização do povo de Brasília, DF, cidade recém inaugurada. Ali, desde 1969 até 1985, com outros confrades, deu início à atual paróquia de São Paulo Apóstolo, do Guará I. Foi pároco por muitos anos e também professor nos primeiro colégios da região, nas periferias da nova cidade.
De Brasília passou a Porto Alegre, apenas por um ano, 1986. Depois para São Paulo na Paróquia de São Benedito de 1987 a 1992. Em seguida para o Rio de Janeiro de 1993 a 2001. Os últimos 3 anos os viveu na comunidade do Noviciado em Caxias do Sul- RS.
Esteve na Itália duas vezes, sendo que na última, em 1997 ocasião da Celebração dos Cinquenta Anos de Sacerdócio quando foi recebido pessoalmente pelo Papa João Paulo II
Como vamos recordar o Pe. Antonio?
Como um bom padre, forte, com voz possante, bom cantor, sempre disponível aos trabalhos de pastoral e de ensino, manifestando um regular otimismo diante dos desafios da vida.
Vamos recordá-lo como um assíduo estudioso, especialmente amante da história universal, da história nacional e sobretudo da história de nossa família religiosa.
Um bom professor. De uma memória invejável sempre guardou com precisão datas, fatos, efemérides e tantas outras informações importantes.
Colecionou e guardou com carinho notícias de interesse da congregação e também de certas curiosidades interessantes para partilhar com o povo.
Além de escrever o Livro sobre as Origens e genealogia da Família Tomiello, colaborou com competência na Edição do Livro sobre a História da Ana Rech.
Pe. Antonio sempre procurou atualizar-se. Como sacerdote, sobre as verdades da igreja, para ser mais competente em orientar os fiéis a ele confiados, durante os longos anos em que foi pároco, ou vigário paroquial.
Como vimos acima logo após o término do Concilio Vaticano II, em 1968, pediu para participar do Curso Superior de Pastoral Catequética no Rio de Janeiro por um ano. Foi para ele um ano de graça ao qual se referia muitas vezes em suas pregações. É verdade que às vezes interpretava certas verdade de fé e de moral com uma certa condescendência, partindo de um coração que não admitia que alguém fosse punido, condenado, maltratado, excluído.
Ele mesmo se definiu como alguém “que possuía senso crítico analítico, não destrutivo, mas purificador”. Pode-se dizer que ele sempre foi procurando a verdade, melhorando os próprios conceitos na medida em que a leitura e a escuta de pessoas o levavam a novas orientações, em relação à autoridade da Igreja, à moral, à catequese.
Sua metodologia sempre foi muito clara, buscando não deixar duvidadas na mente de seus paroquianos. Ele mesmo dizia que todo o pastor deve sempre estar atualizado na Sagrada Escritura, na Moral Católica, na Catequese e na História. Nestes campos às vezes comprava polêmicas pelas suas interpretações um tanto avançadas.
Seu coração não ficou arraigado apenas à paróquia, mas tinha seu olhar também mais distante no Brasil inteiro e no mundo. Entre as inúmeras cartas que escreveu aos diversos provinciais, aos superiores de Roma, descrevendo seus pontos de vista sobre a vida religiosa e a atuação na igreja, está uma carta do ano 1984 escrita ao então Cardeal Joseph Ratzingher, hoje Papa Bento XVI.
Nesta carta, em resumo, Pe. Antonio pede ao cardeal que não tenha medo da Teologia da Libertação e de não condenar os que a divulgam, pois o povo da América Latina está vivendo uma escravidão social, política e econômica. Eis o espírito mais universal do coração do Pe. Antonio.
Pe. Antonio também foi provado na saúde e sobretudo salvou-se milagrosamente, sendo retirado das águas por colegas, em janeiro de 1993, num acidente de ônibus acontecido em Rosário do Sul, enquanto ia participar do Mês Murialdino no Chile.
Foi uma provação muito difícil para ele. Foram meses de muita angústia. Uma vez recuperado volou ao trabalho. Queixava-se ás vezes de depressão mas sabia ajudar-se com apoio médico necessário.
Para nós também fica o exemplo missionário do Pe. Antonio pois com coragem desde 1969, largou o sul e se entregou de alma e corpo à evangelização das populações pobres de Brasília, na região do Guará I.
Ali como em outras paróquia onde viveu, sempre demonstrou grande zelo especialmente no atendimento aos doentes e sobretudo no ensino catequético.
Com dizíamos acima às vezes um pouco polêmico em algumas afirmações e interpretações que lhe granjearam a estima da maioria das pessoas, mas também a preocupação e certo sofrimento de outras pessoas. O Atestam diversos abaixo-assinados, alguns apoiando-o, outros reclamando dele.
Como religioso josefino sempre teve o carinho para os mais pobres, ajudando-os em suas necessidades espirituais e também materiais. Ele pessoalmente viveu muito pobre e obediente.
De dialogo franco, o que impressionava nele era as inúmeras perguntas que fazia, especialmente aos confrades de passagem pela comunidade, querendo saber do bem que estava acontecendo em outras comunidades da província. Tinha a sabedoria de escrever todos os intens numa pequena agenda, com um lápis, para não se esquecer de nada.
Agora Pe. Antonio está no céu, onde toda a discussão está encerrada, gozando do prêmio que a Providência preparou para ele em seus 58 anos de ministério sacerdotal.
Lá foi acolhido por inúmeros irmãos e irmãs que através dele receberam a graça de Deus, a instrução e sobretudo a Eucaristia, alimento da jornada de cada cristão.
Obrigado Pe. Antonio pelo seu entusiasmo, diria espírito quase guerreio para defender a fé católica e sobretudo pela atitude de não ficar acomodado diante dos novos desafios, buscando em vez a verdade, a justiça, a paz e o amor. Descanse em Paz.
(Pe. Geraldo Boniatti – Provincial) Caxias do Sul, dezembro de 2005