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Documento Final do Sínodo da Amazônia é votado e aprovado
O Documento final do Sínodo dos Bispos para a região Pan-amazônica foi votado e aprovado no sábado de outubro. O texto foi divulgado a pedido do Papa Francisco. Na votação, os padres sinodais aprovaram, quase por unanimidade, todos os 120 parágrafos do texto.
Dividido em cinco capítulos, o texto pede uma conversão que tem diferentes significados: integral, pastoral, cultural, ecológica e sinodal.
Dentre tantos temas apresentados estão a Igreja com rosto indígena, migrante, jovem, um chamado à conversão integral, um diálogo ecumênico, a importância dos valores culturais dos povos amazônicos, a dimensão socioambiental da evangelização, um Igreja ministerial e novos ministérios, além da presença e vez da mulher e muitas outras propostas.
Em entrevista exclusiva à Rede Aparecida de Comunicação, o Cardeal Cláudio Hummes, relator-geral do Sínodo, falou que este foi um passo importante para a Igreja e ressaltou que está feliz com o resultado.
“Em primeiro lugar quero agradecer a Deus, era sensível a presença de Deus e do Espírito Santo que guiou. Muitos rezaram para isso e o Espirito Santo esteve realmente aqui. Eu estou muito feliz com o resultado. Foi realmente algo importante para nossa gente, para o território da Amazônia, importantíssimo porque continua esse trabalho que a Igreja já fez e está fazendo em relação a grande crise ambiental e socioambiental, ecológica e climática. A salvação da Amazônia é fundamental para o futuro da humanidade. Creio que foi um passo muito importante nesse sentido este Sínodo. Estou muito feliz e tenho certeza de que agora nós temos mais luzes para trabalhar e muito mais impulso também”, afirmou.
SOBRE O DOCUMENTO:
Capítulo I – Conversão integral
O Documento exorta desde o início a uma “verdadeira conversão integral”, com uma vida simples e sóbria, no estilo de São Francisco de Assis, comprometida em relaciona-se harmoniosamente com a “Casa comum”, obra criativa de Deus. Essa conversão levará a Igreja a ser em saída, para entrar no coração de todos os povos amazônicos. De fato, a Amazônia tem uma voz que é uma mensagem da vida e se expressa através de uma realidade multiétnica e multicultural, representada pelos rostos variados que a habitam. “Bom viver” e “fazer bem” é o estilo de vida dos povos amazônicos, ou seja, viver em harmonia consigo mesmo, com os seres humanos e com o ser supremo, numa única intercomunicação entre todo o cosmo, a fim de forjar um projeto de vida plena para todos.
As dores da Amazônia: o grito da terra e o grito dos pobres
Todavia, o texto não reprime as muitas dores e violências que hoje ferem e deformam a Amazônia, ameaçando sua vida: a privatização de bens naturais; modelos de produções predatórias; desmatamento que atinge 17% de toda a região; a poluição das indústrias extrativistas; mudanças climáticas; narcotráfico; alcoolismo; tráfico de seres humanos; a criminalização de líderes e defensores do território; grupos armados ilegais. É extensa a página amarga sobre migração, que na Amazônia articula-se em três níveis: mobilidade de grupos indígenas em territórios de circulação tradicional; deslocamento forçado de populações indígenas; migração internacional e refugiados. Para todos esses grupos, é necessário um cuidado pastoral transfronteiriço capaz de incluir o direito à livre circulação. O problema da migração, lê-se, deve ser enfrentado de maneira coordenada pelas Igrejas de fronteira. Além disso, um trabalho pastoral permanente deve ser pensado para os migrantes vítimas do tráfico de pessoas. O Documento sinodal convida a prestar atenção ao deslocamento forçado de famílias indígenas nos centros urbanos, sublinhando como esse fenômeno requer uma “pastoral conjunta nas periferias”. Daí a exortação à criação de equipes missionárias que, em coordenação com as paróquias, cuidem desse aspecto, oferecendo liturgias enculturadas e favorecendo a integração dessas comunidades nas cidades.
Capítulo II - Conversão pastoral
A referência à natureza missionária da Igreja também é central: a missão não é algo opcional, lembra o texto, porque a Igreja é missão e a ação missionária é o paradigma de toda obra da Igreja. Na Amazônia, ela deve ser “samaritana”, ou seja, ir ao encontro de todos; “Madalena”, ou seja, amada e reconciliada para anunciar com alegria o Cristo ressuscitado; “Mariana”, ou seja, geradora de filhos para a fé e “enculturada” entre os povos a que serve. É importante passar de uma pastoral “de visita” a uma pastoral “de presença permanente” e, para isso, o Documento sinodal sugere que as Congregações religiosas do mundo estabeleçam pelo menos um posto missionário em um dos países da Amazônia.
O sacrifício dos missionários mártires
O Sínodo não esquece os muitos missionários que deram a vida para transmitir o Evangelho na Amazônia, cujas páginas mais gloriosas foram escritas pelos mártires. Ao mesmo tempo, o Documento lembra que o anúncio de Cristo na região realizou-se muitas vezes em conivência com os poderes opressores das populações. Por esse motivo, hoje a Igreja tem “a oportunidade histórica” de se distanciar das novas potências colonizadoras, ouvindo os povos amazônicos e exercendo sua atividade profética “de forma transparente”.
Diálogo ecumênico e inter-religioso
Nesse contexto, foi dada grande importância ao diálogo ecumênico e inter-religioso: “Caminho indispensável da evangelização na Amazônia”, afirma o texto sinodal, ele deve partir, no primeiro caso, da centralidade da Palavra de Deus para iniciar verdadeiros caminhos de comunhão. No âmbito inter-religioso, o Documento incentiva um maior conhecimento das religiões indígenas e dos cultos afrodescendentes, a fim de que cristãos e não cristãos possam agir juntos em defesa da Casa comum. Por esse motivo, são propostos momentos de encontro, estudo e diálogo entre as Igrejas na Amazônia e os seguidores das religiões indígenas.
Urgência de uma pastoral indígena e de um ministério juvenil
O Documento também recorda a urgência de uma pastoral indígena que tenha um lugar específico na Igreja: é necessário criar ou manter, de fato, “uma opção preferencial pelas populações indígenas”, dando também maior impulso missionário às vocações autóctones, porque a Amazônia também deve ser evangelizada pelos amazônicos. Depois, dar espaço aos jovens amazônicos, com suas luzes e sombras. Divididos entre tradição e inovação, imersos numa intenda crise de valores, vítimas de realidades tristes como a pobreza, violência, desemprego, novas formas de escravidão e dificuldade de acesso à educação, muitas vezes acabam na prisão ou em mortos por suicídio. E, no entanto, os jovens amazônicos têm os mesmos sonhos e as mesmas esperanças que os outros jovens do mundo e da Igreja. Chamada a ser uma presença profética, deve acompanhá-los em seu caminho, para impedir que sua identidade e sua autoestima sejam prejudicadas ou destruídas. Em particular, o Documento sugere “um renovado e ousado ministério juvenil”, com uma pastoral sempre ativa e centrada em Jesus. De fato, os jovens, lugar teológico e profetas da esperança, querem ser protagonistas e a Igreja na Amazônica quer reconhecer o seu espaço. Por isso, o convite a promover novas formas de evangelização também através das mídias sociais e ajudar os jovens indígenas a alcançar uma interculturalidade saudável.
Pastoral urbana e as famílias
O texto conclusivo do Sínodo se detém no tema da pastoral urbana, com um foco particular nas famílias: nas periferias da cidade, elas sofrem pobreza, desemprego, falta de moradia, além de vários problemas de saúde. Torna-se, portanto, necessário defender o direito de todos à cidade como desfrute justo dos princípios de sustentabilidade, democracia e justiça social. É preciso lutar, lê-se no texto, a fim de que os direitos fundamentais básicos sejam garantidos nas “favelas” e nas “villas misérias”. Central deve ser também o estabelecimento de um “ministério de acolhimento” para uma solidariedade fraterna com migrantes, refugiados e sem-teto que vivem no contexto urbano. Nesse âmbito, uma ajuda válida vem das Comunidades Eclesiais de Base, “um presente de Deus para as Igrejas locais da Amazônia”. Ao mesmo tempo, as políticas públicas são convidadas a melhorar a qualidade de vida nas áreas rurais, a fim de evitar a transferência descontrolada de pessoas para a cidade.
Capítulo III: Conversão cultural
A enculturação e a interculturalidade são instrumentos importantes, prossegue o Documento, para alcançar uma conversão cultural que leva o cristão a ir ao encontro do outro para aprender com ele. Os povos amazônicos, de fato, com seus “perfumes antigos” que contrastam o desespero que reina no continente e com seus valores de reciprocidade, solidariedade e senso de comunidade, oferecem ensinamentos de vida e uma visão integrada da realidade, capaz de entender que toda a criação está interligada e, portanto, garantir uma gestão sustentável. A Igreja compromete-se a ser aliada das populações indígenas, reitera o texto sinodal, sobretudo para denunciar os ataques perpetrados contra suas vidas, os projetos de desenvolvimento predatórios etnocidas e ecocidas e a criminalização dos movimentos sociais.
Defender a terra é defender a vida
“A defesa da terra”, lê-se no documento, “não tem outro objetivo a não ser a defesa da vida” e se baseia no princípio evangélico da defesa da dignidade humana. Portanto, devemos respeitar os direitos à autodeterminação, à delimitação dos territórios e à consulta prévia, livre e informada dos povos indígenas. Um ponto específico é dedicado às populações indígenas em isolamento voluntário (Piav) ou em Isolamento e contato inicial (Piaci) que hoje, na Amazônia, somam cerca de 130 unidades e são muitas vezes vítimas de limpeza étnica: a Igreja deve empreender dois tipos de ação, pastoral e outra “de pressão”, para que os Estados protejam os direitos e a inviolabilidade dos territórios dessas populações.
Teologia indígena e piedade popular
Na perspectiva da enculturação, isto é, da encarnação do Evangelho nas culturas indígenas, é dado espaço à teologia indígena e à piedade popular, cujas expressões devem ser valorizadas, acompanhadas, promovidas e às vezes "purificadas", pois são momentos privilegiados de evangelização que devem conduzir ao encontro com Cristo. O anúncio do Evangelho, de fato, não é um processo de destruição, mas de crescimento e consolidação daquela semeadura Verbos presente nas culturas. Daí a clara rejeição de uma "evangelização colonial" e do "proselitismo", em favor de um anúncio enculturado que promova uma Igreja de rosto amazônico, em pleno respeito e igualdade com a história, a cultura e o estilo de vida das populações locais. A este respeito, o Documento sinodal propõe que os centros de pesquisa da Igreja estudem e recolham as tradições, as línguas, as crenças e as aspirações dos povos indígenas, encorajando o trabalho educativo a partir da sua própria identidade e cultura.
Criar uma Rede de Comunicação Eclesial Pan-amazônica
Também na área da saúde - continua o Documento - este projeto educativo deverá promover o conhecimento ancestral da medicina tradicional de cada cultura. Ao mesmo tempo, a Igreja se compromete a oferecer assistência de saúde lá onde o Estado não chega. Há também um forte apelo a uma educação à solidariedade, baseada na consciência de uma origem comum e de um futuro partilhado por todos, assim como a uma cultura da comunicação que promova o diálogo, o encontro e o cuidado da "casa comum". Concretamente, o texto sinodal sugere a criação de uma Rede de comunicação eclesial pan-amazônica, de uma rede escolar de educação bilíngue e de novas formas de educação também à distância.
Capítulo IV - Conversão ecológica
Diante de "uma crise social e ambiental sem precedentes", o Sínodo apela a uma Igreja amazônica capaz de promover uma ecologia integral e uma conversão ecológica segundo a qual "tudo está intimamente conectado".
Ecologia integral, único caminho possível
A esperança é que, reconhecendo "as feridas causadas pelo ser humano" ao território, sejam procurados "modelos de desenvolvimento justo e solidário". Isto traduz-se numa atitude que colega o cuidado pastoral da natureza à justiça para com as pessoas mais pobres e desfavorecidas da terra. A ecologia integral não deve ser entendida como um caminho extra que a Igreja pode escolher para o futuro, mas como a única forma possível para salvar a região do extrativismo predatório, do derramamento de sangue inocente e da criminalização dos defensores da Amazônia. A Igreja, como "parte de uma solidariedade internacional", deve promover o papel central do bioma amazônico para o equilíbrio do planeta e encorajar a comunidade internacional a fornecer novos recursos econômicos para sua proteção, fortalecendo os instrumentos da Convenção-Quadro sobre Mudança Climática.
Defesa dos direitos humanos é uma necessidade de fé
Defender e promover os direitos humanos, além de ser um dever político e uma tarefa social, é uma exigência de fé. Diante deste dever cristão, o Documento denuncia a violação dos direitos humanos e a destruição extrativista; assume e apoia, também em aliança com outras Igrejas, as campanhas de desinvestimento das empresas extrativistas que causam danos sociais e ecológicos à Amazônia; propõe uma transição energética radical e a busca de alternativas; propõe também o desenvolvimento de programas de formação para o cuidado da "casa comum". Pede-se aos Estados que deixem de considerar a região como uma dispensa inesgotável, ao mesmo tempo que apelam a um "novo paradigma de desenvolvimento sustentável" socialmente inclusivo que combine conhecimentos científicos e tradicionais. Os critérios comerciais, é a recomendação, não devem estar acima dos critérios ambientais e dos direitos humanos.
Igreja aliada das comunidades amazônicas
O apelo é à responsabilidade: todos somos chamados à custódia da obra de Deus. Os protagonistas do cuidado, proteção e defesa dos povos são as próprias comunidades amazônicas. A Igreja é sua aliada, caminha com eles, sem impor um modo particular de agir, reconhecendo a sabedoria dos povos sobre a biodiversidade contra todas as formas de biopirataria. Pede-se que os agentes pastorais e os ministros ordenados sejam formados a esta sensibilidade socioambiental, seguindo o exemplo dos mártires da Amazônia. A ideia é criar ministérios para o cuidado da casa comum.
Defesa da vida
O Documento reafirma o empenho da Igreja em defender a vida "desde a concepção até o seu fim" e em promover o diálogo intercultural e ecumênico para conter as estruturas de morte, pecado, violência e injustiça. Conversão ecológica e defesa da vida na Amazônia se traduzem para a Igreja em um chamado a "desaprender, aprender e reaprender para superar qualquer tendência a assumir modelos coloniais que tenham causado danos no passado".
Pecado ecológico e direito à água potável
Proposta a definição de "pecado ecológico" como "ação ou omissão contra Deus, contra o próximo, a comunidade, o meio ambiente", as futuras gerações e a virtude da justiça. Para reparar a dívida ecológica que os países têm com a Amazônia, sugere-se a criação de um fundo mundial para as comunidades amazônicas, a fim de protegê-las do desejo predatório das empresas nacionais e multinacionais. O Sínodo recorda "a necessidade urgente de desenvolver políticas energéticas que reduzam drasticamente as emissões de dióxido de carbono (CO2) e de outros gases ligados à mudança climática", promove as energias limpas e chama a atenção para o acesso à água potável, ao direito humano básico e condições para o exercício de outros direitos humanos. Proteger a terra significa incentivar a reutilização e a reciclagem, reduzir o uso de combustíveis fósseis e plásticos, mudar hábitos alimentares como o consumo excessivo de carne e peixe, adotar estilos de vida sóbrios, plantar árvores. Neste contexto, está incluída a proposta de um Observatório Social Pastoral Amazônico que trabalhe em sinergia com CELAM, CLAR, CARITAS, REPAM, episcopados, igrejas locais, universidades católicas e atores não eclesiais. Também foi proposta a criação de um escritório amazônico dentro do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.
Capítulo V – Novos caminhos de conversão sinodal
Superar o clericalismo e as imposições arbitrárias, reforçar uma cultura do diálogo, da escuta e do discernimento espiritual, responder aos desafios pastorais. São essas as características sobre as quais se deve fundar uma conversão sinodal à qual a Igreja é chamada para avançar em harmonia, sob o impulso do Espírito vivificante e com audácia evangélica.
Sinodalidade, ministerialidade, papel ativo dos leigos e vida consagrada
O desafio é interpretar à luz do Espírito Santo os sinais dos tempos e identificar o caminho a seguir a serviço do desenho de Deus. As formas de exercício da sinodalidade são várias e deverão ser descentralizadas, atentas aos processos locais, sem enfraquecer o elo com as Igrejas irmãs e com a Igreja universal. Sinodalidade se traduz, em continuidade com o Concílio Vaticano II, em corresponsabilidade e ministerialidade de todos, participação dos leigos, homens e mulheres, considerados “atores privilegiados”. A participação do laicato, seja na consulta, seja na tomada de decisões na vida e missão da Igreja – explica o Documento Final – deve ser reforçada e ampliada a partir da promoção e concessão de “ministérios a homens e mulheres de modo équo”. Evitando personalismos, talvez com encargos em rodízios, “o bispo pode confiar, com um mandato com prazo determinado, na ausência de sacerdotes, o exercício do cuidado pastoral das comunidades a uma pessoa não imbuída do caráter sacerdotal, que seja membro da própria comunidade”. A responsabilidade desta última, especifica-se, permanecerá a cargo do sacerdote. O Sínodo aposta ainda numa vida consagrada com rosto amazônico, a partir de um reforço das vocações autóctones: entre as propostas, se destaca o caminhar junto aos pobres e excluídos. Pede-se ainda que a formação seja centralizada na interculturalidade, enculturação e diálogo entre as espiritualidades e as cosmovisões amazônicas.
A hora da mulher
O Documento dedica amplo espaço à presença e à hora das mulheres. Como sugere a sabedoria dos povos ancestrais, a mãe terra tem um rosto feminino e no mundo indígena as mulheres são “uma presença viva e responsável na promoção humana”. O Sínodo pede que a voz das mulheres seja ouvida, que sejam consultadas, participem de modo mais incisivo na tomada de decisões, contribuam para a sinodalidade eclesial, assumam com maior força sua liderança dentro da Igreja, nos conselhos pastorais ou “também nas instâncias de governo”. Protagonistas e custódias da criação e da casa comum, as mulheres são com frequência “vítimas de violência física, moral e religiosa, inclusive de feminicídio”. O texto reitera o empenho da Igreja em defesa dos seus direitos, de modo especial em relação às mulheres migrantes. Enquanto isso, se reconhece a “ministerialidade” confiada por Jesus à mulher e se auspicia uma “revisão do Motu Proprio Ministeria quaedam de São Paulo VI, para que também as mulheres adequadamente formadas e preparadas possam receber os ministérios do leitorado e do acolitato, entre outros que podem ser desempenhados”. No específico, nesses contextos em que as comunidades católicas são guiadas por mulheres, se pede a criação do “ministério instituído de mulher dirigente de comunidade”. O Sínodo evidencia que de inúmeras consultas na Amazônia foi solicitado “o diaconato permanente para as mulheres”, tema muito presente durante os trabalhos no Vaticano. O desejo dos participantes da Assembleia é compartilhar experiências e reflexões emergidas até agora com a “Comissão de estudo sobre o diaconato das mulheres”, criada em 2016 pelo Papa Francisco e “aguardar seus resultados”.
Diaconato permanente
Foram definidos como urgentes a promoção, a formação e o apoio aos diáconos permanentes. O diácono, sob a autoridade do bispo, está a serviço da comunidade e deve hoje promover a ecologia integral, o desenvolvimento humano, a pastoral social e o serviço a quem se encontra em situações de vulnerabilidade e pobreza, configurando-o a Cristo. Portanto, é importante insistir numa formação permanente, marcada pelo estudo acadêmico e prática pastoral, na qual sejam envolvidos também esposas e filhos do candidato. O currículo formativo, explica o Sínodo, deverá incluir temas que favoreçam o diálogo ecumênico, inter-religioso, intercultural, a história da Igreja na Amazônia, a afetividade e a sexualidade, a cosmovisão indígena e a ecologia integral. A equipe dos formadores será composta por ministros ordenados e leigos. Deve ser encorajada a formação de futuros diáconos permanentes nas comunidades que habitam às margens dos rios indígenas.
Formação dos sacerdotes
A formação dos sacerdotes deve ser enculturada: a exigência é preparar pastores que vivam o Evangelho, conheçam as leis canônicas, sejam compassivos como Jesus: próximos às pessoas, capazes de escuta, de curar e consolar, sem buscar se impor, manifestando a ternura do Pai. Também no âmbito da formação ao sacerdócio, se auspicia a inclusão de disciplinas como a ecologia integral, a ecoteologia, a teologia da criação, as teologias indígenas, a espiritualidade ecológica, a história da Igreja na Amazônia, a antropologia cultural amazônica. O Sínodo recomenda que os centros de formação sejam preferencialmente inseridos na realidade amazônica e que seja oferecida a jovens não amazônicos a oportunidade de participar de sua formação na Amazônia.
Participação à Eucaristia e ordenações sacerdotais
Para a comunidade cristã, é central a participação à Eucaristia. E mesmo assim – destaca o Sínodo – muitas comunidades eclesiais do território amazônico têm enormes dificuldades em ter acesso a ela. Podem passar meses e até mesmo anos para que um sacerdote volte a uma comunidade para celebrar a missa ou oferecer os sacramentos da reconciliação e da unção dos enfermos. Reforçando o apreço pelo celibato como dom de Deus na medida em que permite ao presbítero dedicar-se plenamente ao serviço da comunidade e renovando a oração “para que haja muitas vocações” que vivem o celibato, mesmo que “esta disciplina não seja requisitada pela própria natureza do sacerdócio” e considerando a vasta extensão do território amazônico e a escassez de ministros ordenados, o Documento final propõe “estabelecer critérios e regras por parte da autoridade competente, para ordenar sacerdotes homens idôneos e reconhecidos pela comunidade, que tenham um diaconato permanente fecundo e recebam uma formação adequada para o presbiterado, permitindo ter uma família legitimamente constituída e estável, para promover a vida da comunidade cristã através da pregação da Palavra e da celebração dos sacramentos nas áreas mais remotas da região amazônica”. Deve-se especificar que “a propósito, alguns se expressaram a favor de uma abordagem universal ao argumento”.
Organismo eclesial regional pós-sinodal e Universidade Amazônica
O Sínodo propõe projetar novamente a organização das Igrejas locais de um ponto de vista pan-amazônico, redimensionando as vastas áreas geográficas da diocese, reagrupando Igrejas particulares presentes na mesma região e criando um Fundo amazônico para a promoção da evangelização a fim de enfrentar o “custo da Amazônia”. Nesta ótica, se insere a ideia de criar um Organismo eclesial regional pós-sinodal, articulado com a Repam e o Celam, a fim de assumir muitas das propostas que emergiram no Sínodo. Em âmbito formativo, se invoca a instituição de uma Universidade Católica Amazônica baseada na pesquisa interdisciplinar, na enculturação e no diálogo intercultural e fundada principalmente na Sagrada Escritura, no respeito dos costumes e das tradições das populações indígenas.
Rito amazônico
Para responder de modo autenticamente católico ao pedido das comunidades amazônicas de adaptar a liturgia valorizando a visão do mundo, as tradições, os símbolos e os ritos originários, se pede a este Organismo da Igreja na Amazônia de constituir uma comissão competente para estudar a elaboração de um rito amazônico que “expresse o patrimônio litúrgico, teológico, disciplinar e espiritual da Amazônia”. Este se acrescentaria aos 23 ritos já presentes na Igreja Católica, enriquecendo a obra de evangelização, a capacidade de expressar a fé numa cultura própria, o sentido de descentralização e de colegialidade que a Igreja Católica pode expressar. Também se faz a hipótese de acompanhar os ritos eclesiais com o modo com os quais os povos cuidam do território e se relacionam com as suas águas. Por fim, com a finalidade de favorecer o processo de inculturação da fé, o Sínodo expressa a urgência de formar comitês para a tradução e a elaboração de textos bíblicos e litúrgicos nas línguas dos diferentes locais, “preservando a matéria dos sacramentos e adaptando-os à forma, sem perder de vista o essencial”. Também deve ser encorajado em nível litúrgico a música e o canto. No final do Documento, se invoca a proteção da Virgem da Amazônia, Mãe da Amazônia, venerada com vários títulos em toda a região.
Fonte: a12.com
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Dom Celmo Lazzari no Sínodo da Amazônia
O religioso Josefino de Murialdo, D. Celmo Lazzari, é bispo do Vicariato Apostólico de Sucumbíos, no Equador e está participando do Sínodo da Amazônia em Roma.
Ele escreveu sobre o nono dia de trabalho: segunda-feira, dia 14 de 2019.
“Começamos o dia na Aula Sinodal com a oração da hora terceira. No final o Papa quis colocar no centro de sua oração as vítimas da greve no Equador com estas palavras:
‘Recomendemos à nossa mãe, os irmãos equatorianos que morreram nestes dias, os feridos, os perseguidos e presos, que Ela alcance a paz e acompanhe este momento de tanto sofrimento sobre tudo entre os indígenas do Equador’.
Reunidos na aula sinodal, ouvimos as partilhas de Bispos, Sacerdotes, Religiosos, Diáconos, Indígenas, Leigos Protestantes, Cientistas. Partilhas muito variadas com temas que vão desde o cuidado que precisa ter diante da destruição da terra, dos povos, bem como falou-se da Evangelização, inculturação e imigração, direitos humanos, comunicação, e direitos da terra.
No final do dia o Papa Francisco quis pontualizar dois aspectos que chamam à atenção diante das colocações feitas, recomendando aos bispos que tenham um cuidado especial. Por um lado, disse o papa: ‘Me tocou o coração o seguinte; primeiro: o pouco entusiasmo dos jovens religiosos em relação à vida missionária, quero dizer de uma igreja em saída. Existe o zelo apostólico, porém, dentro de certas medidas. Corre-se o risco de desenvolver uma igreja protegida e não uma igreja em saída. Segundo: Sacerdotes da América Latina vão ao primeiro mundo e os bispos são responsáveis em dar-lhes a permissão, isso podem favorecer uma igreja em saída turística e não por vocação’, alertou o papa Francisco.
Cansados, porém contentes pelo trabalho intenso e valioso do dia. Terminamos a jornada com a oração da Ave-Maria conduzida pelo Papa.
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“Chamados filhos de Deus” foi o tema da reflexão que o presidente da CNBB conduziu no Sínodo
O Sínodo para Amazônia nesta manhã de terça-feira, dia 15 de outubro, teve início com a oração, na presença do Papa Francisco, e com uma reflexão proposta pelo presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo de Belo Horizonte (MG), dom Walmor Oliveira de Azevedo.
Com o título “Chamados filhos de Deus”, Dom Walmor começou a reflexão com uma pergunta: “Como pode o amor de Deus permanecer nele?. Esta é a interpelante pergunta respondida por São João no terceiro capítulo de sua primeira carta. A resposta à esta pergunta é a questão central na construção da autenticidade no seguimento de Jesus. O discípulo e a discípula são remetidos a uma verificação do tecido que configura o núcleo mais íntimo de seu ser. A referência ao coração, a estação da interioridade, muito além de qualquer possível e arriscado intimismo, é pôr-se em corajoso exercício de análise e levantamentos a respeito da constituição misericordiosa de si mesmo”.
O coração do discípulo, segundo dom Walmor, “é visceralmente constituído dos sentimentos norteadores da competência de ver o outro e a ele não se fechar, mas sobre ele debruçar-se, comovendo-se, para atender-lhes demandas à luz do conhecimento de suas necessidades e carências”.
Falando da compaixão, afirmou que a mesma “é o selo, único e insubstituível selo de autenticidade, cujas raízes de exemplaridade se encontram no modo de ser do Mestre Jesus, aquele que tem compaixão dos seus, ovelhas sem pastor, consciente de sua missão de ungido e enviado para anunciar a boa nova dos pobres, anunciar-lhes o ano da graça, em vez de cinzas, o óleo da alegria”.
Ao discípulo é indicado o caminho da resposta à inquietante interrogação, “como pode o amor de Deus permanecer nele?” Uma interrogação que há de ser o mais significativo incômodo existencial no processo diário de qualificação discipular. Põe-se em questão uma indispensável envergadura, disse o presidente da CNBB, que é projeto divino em nós. O princípio é lembrado: (1J0 3,1) “Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos. Esta é a moldura da interpelação existencial posta pela palavra de Deus agora proclamada”.
Dom Walmor continuou afirmando que “um holofote aceso iluminando a consciência humana interpela à percepção e impacto de sua condição, filho de Deus, considerado o presente grande dado pelo pai: somos chamados filhos de Deus. E nós o somos”.
Esta condição gratuita e amorosa se impulsiona pelo princípio do amor cuja lógica há de ser considerada como condição de fomentar o novo em lugar do velho que corrompe: (1 Jo 4,10-11) “Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho como oferenda de expiação pelos nossos pecados”.
“Pois esta é a mensagem que ouvistes desde o início: que nos amemos uns dos outros.” Só esta é a escolha possível. Não há outra. A outra opção possível é o pecado. Ora, aquele que pratica o pecado é do diabo, porque o diabo é pecador desde o princípio. Para isto é que o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do diabo”. (1 Jo 3,10-13) “Nisto se revela quem é filho de Deus e quem é filho do diabo: todo aquele que não pratica a justiça não é de Deus, como também não é de Deus quem não ama o seu irmão. Pois esta é a mensagem que ouvistes desde o início: que nos amemos uns aos outros. Não como Caim, que, sendo do Maligno, matou o seu irmão. E por que o matou? Porque as suas obras eram más, ao passo que as do seu irmão eram justas”.
Clareia o horizonte interpelativo diário para nos incomodar e, amparados e fecundados pela graça de Deus, sublinhou dom Walmor, darmos conta do que nos compete, exatamente na contramão do “possuir riquezas neste mundo e vê o seu irmão passar necessidade, mas diante dele fechar o seu coração. Somos desafiados a uma finesse relacional de modo que não amemos só com palavras e de boca, mas por ações e na verdade. A verdade de Cristo é sua compaixão, suas entranhas de misericórdia”.
E sempre exigente, porque diária e de todo momento, a tarefa de conseguir estar, existencialmente, dentro do princípio da qualificada filiação divina: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou. Não há outra alternativa senão amar de verdade, correndo sempre o risco de ser dada por descontada, por justificações ou comodidades, por incompetência relacional ou entupimentos humanos afetivos, por estreitezas ou por mesquinhez. Nenhuma condição humana, com as circunstâncias que a configuram, está isenta do distanciamento do amor de verdade.
O presidente da CNBB também recordou o dia em que a Igreja faz memória de Santa Teresa, virgem e doutora da Igreja. “Parece oportuno reportar-nos ao que ela indica como exercício vivencial diário, o que constitui a dinâmica da primeira morada do Castelo Interior/Moradas, uma de suas obras clássicas: Ela descreve a primeira morada com a indicação de duas dinâmicas sempre e permanentemente fundamentais na conquista e manutenção da qualificação da condição de filhos e filhas de Deus, discípulos e discípulas de Jesus, para a competência de amar de verdade: Conhece-te a ti mesmo e a Humildade”.
Ela lembra que mesmo tendo alcançado, permanente ou momentaneamente, o matrimônio espiritual, intimidade fecunda no amor de Deus, por limitação do humano, escorregamos e caímos no estágio sempre primeiro que requer exercitar a humildade e o conhecimento de si mesmo. Ninguém pode alimentar a pretensão de ter ultrapassado o estágio deste exercício espiritual diário sob pena de ilusão, endurecimento que entope e produz a dureza de coração que prejudica os pobres, faz sombra à razão, faz gostar de títulos, privilégios e dos primeiros lugares, se deixando levar pela disputa ou tomado por indiferenças, incapacitando para o alcance de percepções para gestos concretos de solidariedade, desapego, simplicidade.
Ao contrário, alimentando à semelhança do coração dos fariseus um coração duro, o gosto pelas filactérias, amigos do dinheiro, distanciados também da misericórdia, da justiça e da verdade. “Santa Madre Teresa – concluiu Dom Walmor – nos indica este fecundo caminho, como exercício espiritual e existencial permanente, conhecer-se a si mesmo e a humildade para qualificar nossa cidadania e nos oportunizar, fecundados pela graça de Deus, a conquistar a envergadura de verdadeiros filhos e filhas de Deus, dando tecido bom à nossa cidadania, com força de testemunho transformador e profética atuação no mundo testemunhando o Reino”.
Fonte: Manuela Castro – Cidade do Vaticano
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Cartaz da Campanha da Fraternidade 2020 é inspirado em Irmã Dulce
O cartaz da Campanha da Fraternidade de 2020, cujo tema é ‘Fraternidade e vida: dom e compromisso’, remete à figura de Irmã Dulce, que será canonizada no dia 13 de outubro e será chamada Santa Dulce dos Pobres.
A arte foi elaborada pelo designer da Edições CNBB Leonardo Cardoso, sob a supervisão do bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, e do secretário executivo de campanhas, padre Patriky Samuel Batista.
O cartaz também apresenta, ao fundo, o Pelourinho, lugar icônico da capital baiana. Padre Patrky explica que a mensagem é de “vida doada é vida santificada. A vida é um intercâmbio de cuidado”.
“Por isso que a Irmã Dulce cuida. E seu modo de cuidar sinaliza uma Igreja em saída. Então, é cuidar das pessoas que estão próximas a nós. Onde estou é lugar de cuidado da pessoa, do mundo, da ecologia. Depois, o cenário faz menção à questão do mundo urbano. Amar é fazer o bem! Daí a beleza do cartaz, que está sintonizado com as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no que diz respeito ao pilar da caridade”, explicou.
Fonte: CNBB
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Do Vaticano, presidente da CNBB fala dos primeiros momentos do Sínodo para Amazônia
O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, concedeu uma entrevista hoje, 7 de outubro, segundo dia do Sínodo para a Pan-Amazônia, direto da Sala Paulo VI, ao jornalista da rádio Vaticano, Silvonei José. O foco foi sobre os primeiros momentos do Sínodo para a Amazônia, que acontece no Vaticano, em Roma, até 27 de outubro. Reforçando a ênfase do Papa Francisco, dom Walmor falou sobre a importância da oração e do Sínodo deixar-se conduzir pelo Espírito Santo. “Estamos aqui sendo igreja abertos à ação do Espírito Santo de Deus”, disse.
O presidente da CNBB destaca que os primeiros momentos estão marcados pela fé, oração e abertura do coração ao horizonte que vai dirigir o caminho do Sínodo. “A nossa preocupação primeira e central é pastoral, com a evangelização e o anúncio de Jesus Cristo”, afirmou. Dom Walmor destacou também a necessidade, para a evangelização, de a Igreja inculturar-se na região como faz em outras regiões do mundo. Para o religioso, como compreender e viver a ecologia integral é uma preocupação importante e fundamental nas lições necessárias que “precisamos aprender a partir da Amazônia”. Os novos caminhos da presença da Igreja na Amazônia, segundo o presidente da CNBB, vão brotar a partir da escuta e ancorados na tradição da Igreja, nos valores do Evangelho e naquilo que é imutável. Acompanhe a entrevista.
Como foram os primeiros momentos?
Dom Walmor: Esses primeiros momentos estão marcados, em primeiro lugar, pela fé, oração e pela abertura de coração no horizonte que vai dirigir o nosso caminho. A nossa preocupação primeira e central é a pastoral, a evangelização, o anuncio de Jesus de Cristo. Isso se desdobra iluminando a cultura, a necessidade de uma inculturação na Amazônia, assim como em outros lugares da Igreja presente no mundo. Ao mesmo tempo nossa preocupação com o social, a vida é um dom de Deus e a fé se compromete com esse dom de Deus de promovê-la e defendê-la sempre. Uma nossa preocupação importante e fundamental nas lições que precisamos aprender a partir da Amazônia: a ecologia integral. Portanto, o horizonte nosso é esse, a evangelização, a cultura, o social e a ecologia. E aí, nós vamos percorrer esse trabalho abertos a ação do Espírito Santo de Deus para uma resposta adequada que será também para nós exemplar em toda a Igreja amanhã.
O santo Padre na abertura, quando deu as boas-vindas aos padres sinodais, falou em alguns pontos importantes: o primeiro é a oração e a necessidade de que esse Sínodo deixe-se conduzir pelo Espírito Santo.
Na Igreja nada podemos fazer se não abertos a ação Espírito Santo de Deus. E por isso mesmo, é muito importante a oração que nos abre profundamente à ação do Espírito Santo de Deus. Por isso aqui lembro Santa Terezinha que diz: “o apostolado da oração, isto é a oração é superior e, na verdade, abre caminho para a evangelização”. Por isso, nós estamos aqui juntos numa experiência bonita de solidariedade, de fraternidade, de oração, como ontem na abertura e hoje, assim marcando nossas vidas porque nós aqui estamos não como um parlamento, organização governamental ou não governamental, estamos aqui como Igreja, estamos aqui sendo igreja abertos à ação do Espírito Santo de Deus.
Muita polêmica suscitou o Instrumentum laboris, (instrumento de trabalho). Eu creio que o cardeal Baldissere já na introdução falava que ele foi um documento “mártir”, um documento que nasce para morrer.
O Instrumento de trabalho inspirou reflexões discussões e debates. Ele não é a base daquilo que vai ser o resultado do o caminho do Senhor. Esse trabalho, por isso, precisamos de grande abertura, ação do espírito santo de Deus, será a partir de agora. É um texto mártir, ele é um texto que sofreu muitas reflexões, muitos debates, busca de esclarecimentos apontando- se aquilo que nele faltava. Por isso, nós agora começamos um trabalho. Poderia dizer, de certo modo, do comecinho porque agora nós estamos juntos todos nesta experiência eclesial bonita de abertura à ação do Espírito Santo de Deus para construir esse novo caminho. Precisamos das orações de todos, da comunhão e muita escuta. Eu tenho certeza que Deus nos conduzirá nesse caminho e nós encontraremos as respostas novas que a Igreja precisa dar nesse tempo.
O papa falava no momento de oração, quer dizer, temos o primeiro elemento desse sínodo é a oração, o segundo é a escuta, o diálogo, a fraternidade entre os padres sinodais.
Esta é uma experiência fundamental e determinante. A oração, escuta de Deus, a oração, escuta uns dos outros porque é assim que sempre faz na Igreja, por isso na Igreja e não da Igreja quando existe ataques, agressões, desmoralizações. Na Igreja se faz exatamente pela escuta para que as diferenças sejam construídas com grande riqueza.
Vimos dentro da plenária, a participação dos padres sinodais brasileiros, em um número de 58. É uma presença muito forte, inclusive dom Claudio, ele como relator geral do sínodo, falou em português e para nós isso é um orgulho e uma brande conquista para nossa língua.
É muito importante essa presença de grande número de bispos brasileiros exatamente porque olhando a Pan-Amazônia, a maior parte está exatamente no Brasil e o em nosso país temos uma população 20 milhões de habitantes presentes ali na Amazônia. Portanto, uma presença importante. É a escuta destes padres sinodais que vivem seu dia a dia, sua missionariedade, a sua oferta bonita ao povo de Deus que ali se encontra.
Estamos apenas iniciando esses trabalhos, esse caminho já que Sínodo deve ser caminhar juntos, o que o senhor espera para esses próximos dias?
Eu espero muita fraternidade, a força da ação do Espirito Santo de Deus, muita reflexão. Como disse o papa Francisco “é hora de, sobretudo, nos abrirmos a essa ação do Espírito Santo”. Não estamos chegando aqui arrazoados e tratados para fazer defesa, vamos nos colocar, compartilhar e assim abrindo o nosso coração, vivermos essa experiência bonita de encontrarmos o caminho que Deus quer nos mostrar. Portanto, é um momento de fraternidade, de oração, de alegria e de muita comunhão eclesial entre nós aqui, mas daqui com o coração de todo povo de Deus, particularmente, na Pan-Amazônia.
Todos os bispos do Brasil e o povo de Deus. Nós temos os bispos da Pan-Amazônia, temos os bispos que foram convocados como padres sinodais e o senhor como padre sinodal representa todos os nossos bispos do Brasil e o papa pediu vamos rezar por esta assembleia, por este sínodo. O modo de que podemos estar reunidos junto com os padres sinodais no nosso Brasil ou nos países lusófonos é através da oração.
É muito importante essa comunhão orante, esse coração aberto, esse desejo que a partir daqui nós possamos encontrar os caminhos novos que a Igreja precisa, novos caminhos exatamente ancorados na sua tradição, nos valores do Evangelho e naquilo que imutável. Mas porque o mundo muda e precisamos de novas respostas. É hora muito importante, aproveito para convidar a todos à comunhão. Essa é a nossa força como Igreja para darmos novas respostas e para abrimos novos caminhos. Deus nos ajude nesta experiência, que todos nós possamos estar muito unidos, confiantes e alegres neste caminho.
O papa falava muito bem das realidades e da diversidade que nós temos dentro da Amazônia.
Quando nós falamos do Sínodo para Amazônia é para Amazônia, mas a partir da Amazônia para se chegar às indicações importantes para toda nossa Igreja. Temos a partir de um Sínodo que é para Amazônia oportunidades de sermos a Igreja que reaprende seus caminhos e dá novas respostas. Da Amazônia para a Igreja no Brasil e em todo mundo uma nova resposta. E eu tenho certeza que assim será e vamos fazer esse caminho com muita alegria e com muita simplicidade de coração e confiança incondicional depositada em nosso Deus.
Fonte: www.cnbb.org.br
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Superior Geral dos Josefinos de Murialdo participa do encontro da Família de Murialdo da Serra Gaúcha
Pe. Túlio permanece no Brasil até o dia 20 de outubro
Em visita canônica ao Brasil, o Superior Geral dos Josefinos de Murialdo, Pe. Túlio Locatelli, participou do encontro da Família de Murialdo da Serra Gaúcha. O evento realizado no último sábado, 28 de setembro, no Teatro Murialdo, reuniu Religiosos Josefinos e Religiosas Murialdinas, Leigos Amigos de Murialdo, profissionais das Ações Sociais, Colégios, Faculdade, Gráfica e Paróquias.
Com o tema “Murialdo, nosso companheiro de viagem”, o encontro destacou a importância de seguir o legado deixado por São Leonardo Murialdo. E para ilustrar essa caminhada, uma esquete teatral, com os alunos do Grupo Teatral do Colégio Murialdo – Unidade Caxias, mostrou o trabalho realizado pela Congregação em parte dos países em que atua. A apresentação teve a supervisão da professora Gabriela Santini.
O Provincial Marcelino Modelski destacou a profunda gratidão ao legado deixado por São Leonardo Murialdo e convidou a todos para rezar a oração de Murialdo. “Murialdo vive hoje em todas as crianças e jovens que passam pela instituição. No total, 11 padres o sucederam, e eles são a extensão do carisma que sempre prevaleceu no coração de Murialdo”.
O Superior Geral dos Josefinos de Murialdo, Pe. Túlio Locatelli, destacou que Murialdo deixou um legado que serve como incentivo para os jovens de hoje, uma sementinha em busca de uma vocação humana e cristã. “O carisma de Murialdo é uma pérola que está presente no coração das crianças e jovens. E o despertar deste carisma está na educação, no incentivo para que estes jovens sejam pessoas de bem. Murialdo vive hoje nas famílias e no carisma de quem educa e trabalha em seu nome”.
Vale destacar que durante a visita, Padre Túlio conversa com os religiosos, realiza encontros com leigos, celebra nas comunidades, encontra as lideranças, convive com as comunidades religiosas, conhece como a missão das obras Josefinas acontece na prática em um clima de acolhida e de autêntica fraternidade. Além de visitar todas as comunidades religiosas Josefinas, ele se reúne com todos os diretores, párocos e ecônomos para alinhar as prioridades do Capítulo Geral que ocorreu no Equador, em 2018.
Pe. Túlio permanece no Brasil até o dia 20 de outubro, quando retorna a Roma, na Sede da Congregação de São José - dos Josefinos de Murialdo.
Sobre o Pe. Túlio Locatelli:
Padre Túlio Locatelli foi eleito superior geral no dia 12 de junho de 2018, em Quito (Equador), durante o XXIII Capítulo Geral da Congregação de São José – Josefinos de Murialdo (com representantes dos religiosos das 16 nações onde a Instituição se faz presente).
Padre Túlio nasceu no interior da Ilha (Bergamo - Itália) em 6 de abril de 1951, ingressou na Congregação em 29 de setembro de 1968 e foi ordenado sacerdote, em Viterbo, no dia 17 de março de 1979. Trabalhou nos Seminários de Valbremo e de Bergamo; foi vice-diretor e reitor do Instituto Filosófico teológico São Pedro, foi superior da Província Italiana (2006-2012) e conselheiro e secretário-Geral (2012-2018).
Padre Túlio é o 11º sucessor de São Leonardo Murialdo. Tem a missão de coordenar a Congregação de São José – Josefinos de Murialdo nascida em Turim (Itália), em 1873, em prol das crianças, adolescentes e jovens empobrecidos. Atualmente, a Congregação conta com 500 religiosos (irmãos e padres), espalhados em cerca de 105 comunidades, presentes em 16 países.
Fotos: Daniela Basso, Débora Valente e Júlio Rodrigues.